segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ONG acusa WWF de fechar os olhos para abusos contra pigmeus

Os pigmeus são vítimas frequentes de "graves abusos" de parte das brigadas que combatem a caça ilegal, "apoiadas e financiadas" pelo ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), no sudeste de Camarões, denunciou nesta segunda-feira uma ONG de defesa dos povos indígenas.
Os pigmeus Baka "são expulsos ilegalmente de suas terras ancestrais em nome da preservação (n.r: ambiental) e a maior parte de seu território é transformada em 'áreas protegidas', das quais áreas de caça desportiva", denunciou a ONG Survival International em um comunicado.
"Ao invés de atacar os poderosos indivíduos que se escondem atrás desta caça ilegal organizada, os guardas florestais e os soldados perseguem os Baka, que praticam uma caça de subsistência", acrescentou a ONG.
"O Ministério camaronês de Florestas e da Fauna, que emprega os guardas florestais, é financiado pelo WWF, que também fornece assistência técnica, logística e material", prosseguiu a organização, afirmando que "o WWF continua a dar a eles seu apoio, ainda que tenha sido provado que as brigadas anti-caça ilegal violaram os direitos dos Baka".
Os Baka, "acusados de caça ilegal correm o risco de detenção, golpes e torturas. Eles mencionam vários mortos entre seus pares em seguida a estas expedições punitivas", acrescentou a Survival International.
A ONG afirma, por outro lado, ter constatado uma degradação do estado de saúde dos Baka e um aumento de doenças, como malária e Aids, relacionado "à perda de seu território e de seus recursos".
"A floresta pertencia aos Baka, mas não é mais assim. Nós andávamos pela floresta ao sabor das estações, mas agora temos medo de fazer isso. Por que eles têm o direito de nos proibir de entrar na floresta? Nós não sabemos viver de outra forma. Eles nos agridem, nos matam e nos obrigam a fugir e nos refugiar no Congo", relatou um Baka, citado no comunicado da Survival International.
Procurado pela AFP, o escritório camaronês da WWF, indicou que uma "investigação independente" foi montada para determinar a veracidade das acusações.
"Nós estamos preocupados porque damos nosso apoio financeiro à luta contra a caça ilegal, mas evidentemente isto não inclui a violação dos direitos humanos", assegurou o diretor de conservação da WWF em Camarões, Rolf Sprung.
Fonte: Revista Veja

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